07 agosto 2007

Coisa deprimente!


Este post poderia ter tantos títulos que tive dificuldade em escolher o melhor de todos. Optei por um simples mas que acaba por ser mais que adequado ao que se segue.

Por um mero acaso do destino ontem acabei por assistir a alguns minutos de um concerto. Digo alguns minutos porque ao fim de três músicas já não suportava escutar as aberrações daquele cantor asqueroso, inculto, mal falante e... (é melhor não arranjar mais adjectivos para o descrever, acho que tudo o que é considerado mau ou muito mau se vai aplicar a 100%).

Foi numa das festas mais badaladas da região Oeste, a festa em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira dos pescadores da cidade de Peniche (visitada por milhares de pessoas nos seus quatro dias de festejos) que tudo aconteceu. O cantor em questão e cabeça de cartaz do terceiro dia de festividades... senhoras e senhores, meninos e meninas... um aplauso para... NEL MONTEIRO.
Nel Monteiro, o mais famoso natural de Barrô, Rezende (recomendo o seu excelente sitio pessoal em nelmonteiro.com para mais informações biográficas) é para muitos um cantor pimba (até já apelidado de cantor de intervenção pela revista Visão) que ficou famoso com o tema “Azar na Praia”.

Entre as muitas músicas que interpretou enconta-se uma que tem por nome “Puta vida merda cagalhões”. Não a escutei mas contaram-me (sou uma pessoa bem informada). Já pude dar uma vista de olhos na letra da canção e é uma verdadeira obra da lírica portuguesa do século XXI. Uma letra tocante. Um exercício de reflexão. Uma ode à luta do povo. Um discurso que os sindicalistas João Proença e Carvalho da Silva pagavam para ter proferido.
Ainda não conhecem a letra? Não acredito!

Então aqui vai...

Nel Monteiro
“Puta vida merda cagalhões”


Por não ter condições de vida
E ver sinais de mal a pior
Desculpem minha linguagem
Mas não consigo ter outra melhor

Ai! É tão duro ser pobre…
E mais duro é com certeza
Um pobre ser toda a vida
A lixeira da nobreza!

Refrão:
Puta vida merda cagalhões
Porque é que tem que ser assim?
Os casebres e mansões
Desigualdade sem ter fim.
Puta vida merda cagalhões
Parece que o Sol, filho do Azar
Pois até o Euromilhões
Só merda nos está a dar…

Aquela Expo ‘98
Tanta nota ali perdida
E tantos pobres pedintes
Sem terem nada na vida.

Ai não é
Defeito não ter
Nem para cagar
Um penico
Defeito é tirar
Ao pobre para dar ao rico!

Refrão

Estádios de futebol
Oferta de mão beijada
A quem já ganha milhões
E milhões, sem ganhar nada
Ser pobre não é defeito
E ser rico também não
Defeito é ver um pobre
E não lhe dar um tostão.

Refrão

Aquela casa da música
Que não tem nada do Porto
O insulto a quem não tem
Um minuto de conforto
Os vinte e dois mil milhões
Já se sabe para onde vão
Vão para a OTA e TGV
E não vai
Sobrar tostão

Refrão



É ou não uma obra de arte literária?

Será possível que as comissões de festas das aldeias, vilas ou cidades deste nosso país à beira mar plantado ainda não perceberam que alguns artistas portugueses ainda ajudam mais à ignorância da nação? Será que não existem artistas menos maus que o acima referido e mais baratos, já que não querem gastar dinheiro?
A continuar assim esta festa não terá mais futuro. Pelo menos a analisar a parte da animação.

Aguardemos por dias melhores...